sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Na página da Quetzal lê-se o seguinte sobre este  livro:
«Uma série de "receitas" em belíssimos textos, traduzidos pelo poeta Pedro Tamen, para ajudar à cura dos "males de que padecem as mulheres, ou a identidade feminina", que vão da infelicidade à traição, à frigidez, ao receio de ficar velha, ao nervosismo, ao medo das sogras, ao mau hálito, etc., etc., através duma sabedoria que vem de trás e que conhece o "feminino" em profundidade. Isto apesar de o autor ser um homem. Mas que teve cinco irmãs, ou seis mães, como ele diz, e a quem dedica esta obra. Ele, Hector Abad Faciolince, apenas "gostava de ser (...) um bom boticário, um farmacêutico, o senhor das receitas que te perfumem (mulher triste) a fantasia." Experimente, para ver se resulta.»

Trouxe comigo da feira do livro das Correntes d'Escritas este receituário, não tanto pelo seu cozinheiro mas sobretudo pela referência ao seu ajudante-tradutor, o poeta Pedro Tamen. Algumas receitas são bastante aliciantes, outras cómicas, outras ainda desenxabidas, descabidas ou então inteligentes...enfim, uma leitura de  entretenimento que apela ora à  ingenuidade da própria leitora ora à sua inteira sabedoria. Faz rir as mulheres tristes, certamente...

Um excerto como um retalho de felicidade:

« Se algum dia te enjoares de palavras, como acontece a todos, e estiveres farta de as ouvir, de as dizer... Se uma qualquer que escolhas te parecer gasta, sem brilho, inválida...Se sentires náuseas quando ouvires «horrível» ou «divino» a propósito de qualquer assunto - é evidente que a cura não estará numa sopa de letras.
Deves fazer o seguinte: cozinha al dente um prato de esparguete que vais condimentar com tempero mais simples: alho, azeite e pimento. Por sobre a massa mexida com a mistura anterior, rala uma camada de queijo parmesão. Do lado direito do prato fundo cheio de esparguete temperado com o que indiquei, coloca um livro aberto. Em frente, um copo cheio de vinho tinto seco. Não é recomendável qualquer outra companhia. Passa ao acaso as páginas de um e outro livro, mas ambos terão de ser de poesia. Só os bons poetas nos curam da fartura das palavras. Só a comida simples e essencial nos cura dos excessos de gula.»

Outro excerto cheio de humor e surpresa, onde obrar é também receita para combater a tristeza:

«Saudável costume é obrar diariamente e à mesma hora. Esttejas onde estiveres, ao menos durante seis minutos (e não mais de quarenta, que o excesso provoca hemorróidas), sentada ou agachada, mas em paz. Com um bom livro ou um bom pensamento. Não existe fórmula mais sábia para que sejas visitada pelo bom humor que os os antigos situavam, com razão, entre o estômago e os intestinos. Se alguma coisa correr mal, considera aquilo que comeste dezasseis horas antes, e suprime-o. Se, em contrapartida, de nada sofreres, considera o mesmo e toma alimento de costume.»

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