sábado, 9 de janeiro de 2010

O Fazedor de Viúvas - Valter Hugo Mãe

Encontrei a felicidade em algumas das dez histórias que a Dom Quixote publicou em Novembro de 2009 sob o título, precisamente, "Em Busca da Felicidade". Oito dos contos são totalmente inéditos.

De Dulce Maria Cardoso, vencedora em 2009 do prémio da União Europeia para a Literatura, pode-se ler A Mosca e o Copo de Vinho Rosé; de João Tordo, o mais recente vencedor do Prémio literário José saramago, Elsa; de José Luís Peixoto, autor com romances traduzidos em mais de 18 línguas que tem sido bastante elogiado nacional e internacionalmente, Como Imagino a Primeira Vez & Que Fizermos Sexo; de Lídia Jorge, vencedora do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de escritiores e o Prémio Correntes d' Escritas, o conto Representação do Mundo; de Maria Antonieta Preto, finalista do prémio de conto da Associação Portuguesa de Escritores, Acende a Felicidade; de Maria do Rosário Pedreira, escritora que trabalha em três vertentes(literatura juvenil, ficção e poesia) Sem Perdão; de Ondjaki, poeta e prosador membro da União de escritores Angolanos, O Cheiro do Mundo; de Patrícia Reis, autora que integrou os 50 livros finalistas do Prémio Portugal Telecom, A Felicidade Deles; de Pepetela, vencedor do Prémio camões em 1997, Letras Perigosas; e finalmente de Valter Hugo Mãe, vencedor do Prémio José Saramago 2006 e autor de mais de dez títulos de poesia, O fazedor de viúvas, conto que destaco neste post.


O Fazedor de Viúvas


"(…) todos o conheciam como o fazedor de viúvas. era o fazedor de viúvas porque se metia com mulheres casadas que, breve tempo depois, enterravam os maridos. ninguém podia garantir que as incentivasse a livrarem-se deles, ao menos não até a dona hortência ter sido presa e saído de casa em braços do polícia tito mata aos berros aflitos, que ele, o zequelino cutelo, é que lhe tinha deixado um veneno para ratos nas mãos, que ele, o fazedor de viúvas, é que tinha posto louca, uma mulher tão simples enganada por um homem tão perigoso.era o que ele queria. Não queria mais nada. só que elas matassem os maridos. como se depois disso lhes perdesse o desejo, ou, de certeza, nem desejo algum lhes tivesse, só as queria deitar em perdição. Sim, porque sabia que andara com esta e com aquela e, ainda que viúvas em liberdade sem o azar da dona hortência, ele já não as queria. Mal o cornudo fosse à terra, ele desaparecia de beira delas. a minha avó, que pouco opinava sobre a amizade do meu avô com tão suspeito homem, no dia em que a dona hortência foi presa disse alto à entrada da sala, esse homem é um assassino, não o quero em minha casa. o meu avô silenciou-se como se fosse culpado e ouviu, comigo, o bater da porta da frente. A minha avó saíra para ver a algazarra na praça. (…) pp. 131, 132

3 comentários:

Leitoras SOS disse...

amiguinha

parece apetitoso...gostei do que li...

bjs

Leitoras SOS disse...

amiguinha
pesquisei o sítio do valter hugo mãe, que me parece desactivado e encontrei o blog (casa de osso) de que falaste e de facto bem melhor que a página.
gostei de alguns apontamentos do escritor e sensibilizou-me um post dele sobre o aniversário da morte do pai...
a acompanhar e por isso minha amiga, já está no nosso cantinho de sonhos...
beijos

Anónimo disse...

Uma boa parte da minha alegria nasce do que tu me dás, linda amiga...Bjs